A história da participação de escritoras brasileiras na literatura começou por um nome um tanto desconhecido da maioria das pessoas: Júlia Lopes de Almeida, no final do século XIX.
Júlia nasceu em 1862. E com 19 anos enfrentando a contrariedade de seus pais, iniciou sua carreira de escritora, escrevendo para a Gazeta de Campinas. Em toda sua vida, Júlia escreveu mais de 40 obras. Entre essas estavam romances, contos, literatura infantil, crônicas, obras didáticas e artigos jornalísticos.
Júlia Lopes de Almeida teve importante participação na criação da ABL, a Academia Brasileira de Letras.
No entanto, infelizmente seu nome não pôde constar na lista de fundadores, pois na época a instituição destinava-se ao público masculino. Sendo assim, no lugar de Júlia entrou o marido dela, o escritor Filinto de Almeida.
O ingresso da primeira mulher na ABL aconteceu somente 80 anos após a fundação da instituição. Depois disso, muitos nomes femininos surgiram em destaque na literatura, algumas delas participando ativamente como membro da ABL.
É dessas incríveis mulheres, referências literárias, que vamos falar hoje. Continue lendo!
A ascensão das mulheres na literatura
Em 1930, a piauiense Amélia Beviláqua foi a primeira escritora a candidatar-se a uma cadeira da Academia Brasileira de Letras. Nessa época, Amélia integrava a cadeira número 23 da Academia Piauiense de Letras. Mas, seu pedido foi rejeitado pelos membros da ABL sob o pretexto de que as vagas se restringiam apenas para os homens.
Amélia era uma mulher e uma escritora de destaque. Ganhou notoriedade com criação de revistas e com publicações de livros em Recife.
Anos mais tarde, a segunda escritora a tentar uma cadeira na ABL foi Dinah Silveira que também teve a candidatura rejeitada pelos demais membros. Sob alegação do mesmo motivo: a instituição era dedicada a membros do sexo masculino.
A primeira escritora brasileira a ocupar um posto na ABL
Somente em 1977 a direção da ABL reviu seu estatuto e resolveu modificá-lo, aceitando a participação de mulheres como membros da instituição. Sendo assim, a nordestina Rachel de Queiroz foi a primeira escritora brasileira a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.
Rachel escreveu várias obras entre romances, contos, crônicas e peças de teatro. Algumas delas enfatizando a vida nordestina, sua região de origem.
O Memorial de Maria Moura é uma das suas mais importantes obras. Afinal, foi esse romance que lhe concedeu o Prêmio Camões em 1992.
Outras escritoras brasileiras na ABL
A segunda mulher a ser aceita na Academia Brasileira de Letras foi Dinah Silveira. Esta que já havia tentado anteriormente e teve a candidatura rejeitada. A escritora foi aceita em 1980 para ocupar a cadeira 7 da academia.
Dinah Silveira de Queiroz foi romancista, contista e cronista. Escreveu várias obras e seu primeiro sucesso foi em 1939, com o título de Floradas na Serra.
Mais tarde veio a público com a personagem que agonizava e que, para não contaminar a filha, pede o laço de cabelo que a menina usava para beijar e se despedir dela. Era sua própria história quando criança.
A terceira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras foi também denominada de: a primeira dama da literatura brasileira, Lygia Fagundes Teles. Esta ganhou o Prêmio Camões de 2005.
Lygia Fagundes Teles é uma romancista e contista, e é considerada por acadêmicos e críticos como uma das mais importantes escritoras brasileiras do século XX, representando o pós-modernismo.
Escritoras contemporâneas da ABL
As mulheres ganhavam espaço e destaque no mundo da literatura e assim foram sendo valorizadas e reconhecidas pelas suas obras. Entre elas, citamos:
Nélida Piñon – Nélida foi admitida para ocupar a cadeira 30 da Academia Brasileira de Letras. Mais tarde, veio a ser a primeira mulher a presidir a instituição. Sua escrita é reconhecida internacionalmente e na bagagem constam mais de 20 prêmios de literatura nacional e internacional, além de mais 40 condecorações.
Zélia Gattai – Embora tenha começado a escrever somente com 63 anos de idade, a escritora destacou-se nacionalmente. No decorrer de sua carreira escreveu mais de 15 obras. Um de seus maiores sucesso foi “Anarquistas Graças a Deus”. Zélia ocupou uma cadeira da ABL em 2001.
Ana Maria Machado – Ana entrou para a ABL em 2003, e foi a primeira escritora infantil a fazer parte da instituição. Sua primeira obra foi: Bento que Bento é o Frade, inspirada em uma brincadeira infantil.
Cleonice Berardinelli – Cleonice ocupou a cadeira 8 da ABL em 2009. É especialista em estudos da literatura portuguesa, sendo uma de suas principais obras: Estudos Camonianos publicado em 1973.
Rosiska Darcy – Autora de treze livros, ocupa uma cadeira na ABL desde 2013. É jornalista e suas obras são reconhecidas por tratar o feminismo, a educação de uma forma geral e a vida contemporânea.
A literatura brasileira e seus destaques
O século XX foi a porta para que muitas outras mulheres brasileiras fossem reconhecidas dentro do cenário da literatura brasileira, destacando-se para o Brasil e para o mundo. Entre elas podemos citar:
Lygia Bojunga – Lygia se dedica ao público infantil e em 1982 foi a primeira escritora latino americana a receber o Prêmio Hans Christian Andersen, prêmio que sempre foi para a Europa ou EUA. Essa é a mais importante condecoração da literatura infantojuvenil.
Adélia Prado – Adélia destacou-se na literatura brasileira por suas obras seguirem um caminho não convencional. Seus escritos enriquecem os leitores com histórias envolvendo a fé e a diversão. Bagagem, O Pelicano e Miserere são algumas de suas principais obras.
Hilda Hilst – Hilda também é considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras. Na maioria das vezes, suas obras retratam a mulher em relações envolvendo desejos e sentimentos. Isto se pode conferir lendo, por exemplo, Cartas de Sedutor, Do Desejo, O Caderno Rosa de Lori Lamby e A Obscena Senhora D.
Cora Coralina – Cora Coralina é o grande nome da poesia em Goiás e no Brasil. A poetisa sempre mostrou sua vida e suas experiências em formato de poesia e contos e tornou referência na literatura brasileira.
Cecília Meireles – Poetisa, professora, jornalista e pintora brasileira. Cecília Meireles foi uma das primeiras vozes de expressão e valor na literatura brasileira. Publicou mais de 50 obras e embora seja reconhecida pelo público predominantemente como poetisa deixou contribuições de muito valor. Tanto na área do conto como da crônica, do folclore e para o público infantil.
Clarice Lispector – Clarice era ucraniana, mas foi naturalizada brasileira. Carrega o título da maior escritora judia desde Franz Kafka. Foi jornalista e escritora. Destacou-se igualmente pelos seus romances, contos e ensaios, sendo considerada uma das mais importantes escritoras do século passado.
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Enfim, você conhece alguma obra das escritoras brasileiras citadas ou tem algum outro nome para nos indicar? Ou adora a área da literatura e outras escritoras brasileiras que não foram citadas?
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