A cada dois anos, somos bombardeados com as campanhas eleitorais. São anúncios, cartazes, vídeos e panfletos para nos convencer a votar neste ou naquele candidato. Mas, em meio a tanta informação, há também as pesquisas de intenção de voto. Elas são amostras da opinião pública e tentam prever quais candidatos podem ganhar.
Não pense que esse tipo de estudo se resume a colher opiniões de pessoas aleatórias e tabular as informações. Há uma série de cálculos complexos feitos antes, durante e depois de cada pesquisa. Por isso, essas análises são feitas por profissionais, que atuam em institutos especializados.
Ficou curioso para saber como funcionam as pesquisas de intenção de voto? Então, continue lendo este artigo e descubra a importância da matemática nesses estudos.
Como confiar em pesquisas se nunca fui entrevistado?
Muitas pessoas colocam em dúvida a veracidade das pesquisas de intenção de voto simplesmente porque nunca foram entrevistadas. Porém, o que deve ficar claro é que as análises eleitorais são diferentes de um censo, em que toda a população é ouvida. Até mesmo porque seria inviável entrevistar todos os eleitores a cada novo levantamento.
Mesmo assim, as pesquisas eleitorais normalmente são bem sucedidas em prever o resultado aproximado da eleição. Isso porque os institutos trabalham com amostras capazes de representar todo o universo de eleitores.
Funciona assim: o Brasil tem hoje 146,4 milhões de eleitores, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Desse número, 52% são mulheres. Portanto, se uma pesquisa eleitoral trabalhar com uma amostra de 3 mil eleitores, aproximadamente 1.560 (52%) devem ser mulheres. Isso também vale para outras variáveis como faixa etária, escolaridade, ramo de trabalho e classe social.
Quantidade versus qualidade
Ter um número expressivo de pessoas entrevistadas é importante. Porém, nem sempre este é o aspecto mais relevante para avaliar o nível de confiança da pesquisa. Na verdade, a precisão do resultado depende, sobretudo, da representatividade da amostra populacional.
Assim, quanto mais fiel for a amostragem obtida, mais chances a pesquisa tem de indicar o provável resultado. Isso é comprovado matematicamente pela chamada Lei dos Grandes Números, demonstrada pelo matemático Jakob Bernoulli no século XVII.
Enquetes online não têm o mesmo valor
Todo esse cuidado com a escolha das pessoas que serão entrevistadas não é por acaso. Trata-se de uma forma de garantir que o estudo retratará o mais fielmente possível a diversidade da população. É por isso que as pesquisas de intenção de voto e enquetes feitas online, normalmente pelas redes sociais, não têm o mesmo valor científico.
Nesses casos, não há controle sobre quem responderá o questionário. Além disso, esse tipo de pesquisa pode fazer um recorte tendencioso da população, afetando assim o resultado. Uma enquete feita em uma página de apoio ao candidato X, por exemplo, certamente o mostrará à frente do candidato Y.
Afinal, como são feitas as pesquisas de intenção de voto?
Depois que a amostra foi definida, é hora de ir a campo para colher as opiniões das pessoas. No entanto, a escolha dos locais onde será feito o levantamento também não é a aleatória. Como sempre, existem cálculos matemáticos por trás de toda decisão na elaboração das pesquisas de intenção de voto.
Cada instituto tem sua própria metodologia para definir como será feito o estudo. O Ibope, por exemplo, usa o método dos setores censitários. Ou seja, o instituto utiliza a mesma divisão territorial que o IBGE usa para realizar o Censo. Assim, os entrevistadores são enviados a áreas específicas para ouvir os moradores dessas regiões.
O Datafolha, por sua vez, opta por utilizar a metodologia dos pontos de fluxo. Neste modelo, os pesquisadores são enviados a locais predefinidos, geralmente com grande movimentação de pessoas. Eles, então, abordam os passantes para colher as opiniões, até que se chegue à amostragem ideal.
A análise dos resultados
Depois que os dados foram coletados junto a uma amostra da população, a missão dos pesquisadores é organizar e analisar essas informações. Nesta etapa, portanto, há uma série de cálculos estatísticos para chegar a um resultado.
Em geral, os levantamentos não analisam apenas as intenções de voto. É comum que os entrevistados respondam a perguntas sobre sua intenção em diferentes cenários, em um eventual segundo turno, além de indicar em quais candidatos não votaria de jeito nenhum. Dessa maneira, os institutos de pesquisa conseguem medir a popularidade, bem como a rejeição de cada candidato.
A margem de erro
Mesmo com todos os esforços para obter um retrato fiel da opinião pública, as pesquisas reconhecem que não podem fornecer um resultado exato. É por isso que existe a margem de erro, calculada com base no nível de confiança do levantamento. Para entender melhor como isso funciona, imagine o seguinte cenário hipotético:
- O Candidato A tem 52% das intenções de voto
- O Candidato B tem 48% das intenções de voto
Se considerarmos que a margem de erro desta pesquisa é de 2% – para mais ou para menos -, podemos dizer que os candidatos estão virtualmente empatados. Isso porque, dentro da margem de erro, o candidato A pode chegar a 50%, assim como o candidato B.
Por que as pesquisas são tão importantes?
Em síntese, as pesquisas de intenção de voto não servem apenas para matar a curiosidade da população. Na verdade, elas são utilizadas pelos partidos políticos para traçar estratégias que podem mudar os rumos das campanhas eleitorais. Além disso, os resultados dos levantamentos influenciam na economia, gerando impactos sobre as decisões do mercado financeiro.
Portanto, a importância e o poder das pesquisas de intenção de voto não devem ser subestimados. E a Matemática é uma ciência fundamental para que todos esses estudos complexos sejam possíveis.
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