A Copa do Mundo de futebol feminino agitou o universo do futebol em 2019. O evento contou com uma repercussão que até alguns anos atrás parecia impossível.
Essa visibilidade é fruto de uma série de conquistas que atletas e demais profissionais da modalidade atingiram com o passar do tempo.
Aliás, você sabia que o Brasil chegou a proibir mulheres de exercerem essa atividade? A lei 3.199 do Estado Novo dizia que “às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”.
Mas, por quê?
Pensamento da época
Com a proibição, entre 1941 e 1979, o desenvolvimento da modalidade foi seriamente comprometido no Brasil. A ideia por trás desse decreto é o contexto da época.
Em síntese, à mulher caberia respeitar sua natureza de ser mãe. Dessa forma, não haveria motivos para a prática de um esporte de contato, considerado violento como o futebol. Ou seja, a atividade seria restrita aos homens.
Ainda assim, havia espaço para o esporte em campos de várzea e nas periferias. Justamente nos espaços vazios deixados pelo Estado.
O começo da mudança no futebol feminino
O ponto de partida para o fim da discriminação começou no exterior. Com a criação da chamada “Federação Internacional do Futebol Feminino na Europa”, em 1970.
Em função disso e do processo de abertura política que trouxe novas ideias para o país, o decreto foi revogado em 1979. No entanto, somente em 1983 a modalidade foi regulamentada no Brasil.
Em 1991 acontece a primeira Copa do Mundo FIFA de Futebol Feminino. Com direito a cobertura feita por emissoras de TV aberta como a Manchete e a Bandeirantes.
Com o título da seleção dos Estados Unidos, tendo a Alemanha como vice campeã e o Brasil eliminado ainda na primeira fase, a competição apresentou para o mundo diveros talentos. Como das americanas Michelle Akers, artilheira do torneio com 10 gols e Carin Jennings, eleita a Bola de Ouro do torneio realizado na China.
A consolidação do campeonato
Em 1995, na Suécia, a Noruega faturou a taça. Com grande atuação da dupla Aarones e Riise, derrotando a Alemanha na final.
Porém, também nesta edição os gols de Roseli não foram suficientes para fazer o Brasil avançar para as quartas de final. Foi a primeira Copa de Formiga, que se tornaria uma das lideranças do futebol brasileiro.
Quatro anos depois, em 1999, o Brasil conquista sua primeira medalha em mundiais com o terceiro lugar nos Estados Unidos. Tendo Sissi como sua maior estrela, a seleção só perdeu nas semifinais para as donas da casa. Seleção esta que confirmaria o bicampeonato posteriormente contra a China.
Ao Brasil restou o bronze após superar a Noruega na decisão do terceiro lugar. Na ocasião, além de um gol antológico marcado por Sissi contra a Nigéria, chamou a atenção também o desempenho de nomes como Pretinha e Kátia Cilene.
O reinado de Marta
Em 2003, novamente nos Estados Unidos, a Alemanha quebrou a hegemonia das anfitriãs. E faturou o título sob o comando de Birgit Prinz, artilheira com 7 gols e Bola de Ouro do mundial.
O Brasil ficou em quinto lugar, após ser eliminado pelas suecas (futuras vice-campeãs) nas quartas de final. Foi nessa edição que o Brasil apresentou ao mundo o nome daquela que seria a maior jogadora de todos os tempos: Marta. Bem como quem estava ao seu lado: Cristiane, que estreou na competição onde faria história.
No mundial da China de 2007, Marta – recém-premiada a melhor do mundo em 2006 – conduz o Brasil a um vice-campeonato inédito, após final contra a Alemanha.
Bola de Ouro e artilheira com 7 gols, Marta foi o nome do torneio. No mesmo ano e por conta das atuações memoráveis, em especial, na inacreditável goleada de 4 a 0 sobre os Estados Unidos na semifinal.
Dessa forma, a atleta seria novamente nomeada a melhor do mundo. Assim proporcionando continuidade a uma longa dinastia no futebol feminino.
EUA contra Japão
Em 2011 a Copa foi realizada na Alemanha, tendo como resultado um surpreendente título da seleção japonesa (de Homare Sawa, artilheira com 5 gols e Bola de Ouro do campeonato), que bateu os Estados Unidos na final. O Brasil, que terminou a primeira fase com o melhor ataque, acabou eliminado nos pênaltis pelas norte-americanas logo nas quartas de final.
No Canadá, em 2015, os Estados Unidos garantiram sua terceira taça, dando o troco na seleção japonesa. A edição consagrou a craque Carli Lloyd, nome histórico da seleção de seu país. Esta que terminou a competição como artilheira ao lado de Célia Sasic da Alemanha e Bola de Ouro.
O Brasil, por sua vez, parou nas oitavas de final após derrota por 1 a 0 para a Austrália.
A Copa do Mundo da França
Chegamos a 2019 com Marta tendo sido eleita seis vezes a melhor jogadora de futebol feminino do mundo. A estrutura do futebol feminino começa a melhorar com a entrada dos clubes tradicionais do Brasil, montando equipes femininas.
A exibição do mundial se deu pela TV Globo. Inclusive, mesmo em jogos sem a participação do Brasil, eliminado nas oitavas de final pela França. Este parece ser um sinal de que a modalidade, se ainda não conta com uma estrutura compatível com a do futebol masculino, ao menos já consegue chamar a atenção do público em termos de mídia.
Isso se deve ao talento de jogadoras como Alex Morgan, Wendie Renard e Lieke Martens, destaques das seleções dos EUA, novamente campeãs do torneio. Além disso, temos a Holanda, vice, em um campeonato que teve Megan Rapinoe como a chuteira de ouro, com 6 gols marcados e Bola de Ouro.
Enfim, o futebol feminino já é uma realidade e o futuro tende a afirmar isso. Se você quer fazer parte dessa história, que tal cursar a faculdade de Educação Física no semipresencial da Unigran EAD?
Clique aqui para ver sobre a modalidade bacharelado e aqui para licenciatura.